sexta-feira, 2 de abril de 2010

Relato de loira: Espelho, espelho meu

Aviso: Este post contém autoajuda feelings. É.

Fazia algum tempo que eu estava precisando ir às compras. Além da necessidade natural de roupas novas, existia aquela outra necessidade que toda mulher conhece bem [Alô, Blonder!]. Sabe o sentimento que só um guardarroupa renovado ou um novo corte de cabelo pode trazer? Pois é, eu precisava muito disso. Daí que fui bater perna com a mamys no maior pólo de confecções do estado - as fashionistas capixabas conhecem bem e as não-fashionistas também. Uma infinidade de lojinhas para visitar, coisinhas para experimentar e etc.

E aí que de repente, algumas lojas e peças de roupas depois, me vi diante de um daqueles mega espelhos reveladores que só trocador e banheiro de shopping têm. E parei ali, naquele segundo inteiro que me pareceu bem mais que isso, dando uma boa olhada na cara, como há tempos não fazia.

Todo dia eu me olho no espelho. Arrumo cabelo, ajeito a roupa, retoco a make... Como toda mulher faz. Mas é engraçado que quase nunca nos enxergamos realmente, sempre vemos o aspecto aparente e tratamos de cuidar dele. E assustou-me o que enxerguei naquele segundo; como eu estava acabada. Parecia uns 10 anos mais velha que sou - tá, exagerei, mas a sensação foi essa -, o cabelo minguado, olheiras debaixo dos olhos e a pele sem vivacidade nenhuma. Enxerguei uma Carla sem dignidade nenhuma ali, e fiquei chocada com isso.

O primeiro mês de volta às aulas fez a realidade cair sobre a minha cabeça como uma pesada martelada. Parei de ter o tempo para eu mesma, essas coisas que a gente lê em livro de autoajuda e parece filosofia barata. Não digo isso simplesmente por ter parado com a dieta e as caminhadas, ou por chegar em casa tão esgotada que não tenha forças nem saco pra passar o creminho noturno no rosto. Não pensei mais em mim, adormeci a preocupação com o templo unitário, pessoal e particular que todos temos; o corpo. E deixei-me levar pelas corridas horas no estágio, pelos vários trabalhos dos professores megalomaníacos e exigentes, pelas cobranças familiares. Há quanto tempo não saboreava minha preciosa xícara de chá a noite ou deitava pelo simples prazer de meditar e reconhecer meu corpo e minha mente como meus. Parece papo de doido, ou do guru -NOT Paulo Coelho. Mas é que ali, naquele segundo, eu pensei sim nisso tudo.

E aí que não conseguia achar que nada ficava bonito em mim depois disso, nenhuma blusa se ajustava, nenhuma cor caia bem. E a atendente trazendo cada vez mais pilhas e pilhas de roupa, e eu querendo sair correndo dali sem comprar nada. Acabei comprando três blusinhas que considerei serem do estilo que procurava, mais por agradecimento pelo bom atendimento que recebi do que por qualquer outra coisa...

Então, amigas, façam o esforço e tentem se enxergar de verdade às vezes, quando estiverem diante do olhar revelador do espelho. Não quero soar como o Augusto Cury nem nada parecido, ainda que seja inevitável. Só queria contar o que se passou comigo porque quando aconteceu, acreditem, lembrei do blog e consideirei importante compartilhar essa reflexão com quem nos lê ou que porventura algum dia nos lerá. Sei lá, só sei que foi assim.

Beijodechocolate que a Páscoa está chegando!

B.

2 comentários:

  1. Oh migs, eu te entendo...
    É importante compartilhar isso mesmo. Pq essa história de ser mulher/ ter vida social/ trabalhar/ estudar/ estar atualizada/ não ser só um rostinho bonito mas tb cultura/tentar estar bonita sempre e etc, nos faz as vezes esquecer de ser só mesmas e de gostar de nós mesmas só pq, poxa... Somos nós :)
    Não deixa o estresse te abalar de novo não viu. :)
    Beijocasssssss
    e desculpa o sumiço aqui no blog, senti falta de vir aqui ser a 1º a comentar tudo e não ganhar os esmaltes tb rssssss

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  2. Lôra, eu sei exatamente do que vc está dizendo. Esse mundo maluco em que a gente vive nos faz acreditar mesmo que a gente não pode parar, que estamos sempre na correria e a inércia não nos deixa mudar tudo isso. Mas se nós conseguíssemos tirar 10 minutinhos do dia, todo dia, pra ficar sozinha, sentar com calma, refletir um pouco ou só ficar em silêncio, já seria o suficiente. Um beijo

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